terça-feira, 8 de março de 2011

Plenitude


Canção da Plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
Nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
Agrandada pelos anos e o peso dos fardos
Bons ou ruins.
(carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia)

O que te posso dar é mais que tudo
O que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
Quando em outros tempos choraria,
Busca te agradar
Quando antigamente quereria
Apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que a beleza
E juventude agora: esses dourados anos
Me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
E não menos ardor, a entender-te
Se precisas, a aguardar-te quando vais
A dar-te regaço de amante e colo de amiga,
E sobretudo a força- que vem do aprendizado.
Isso te posso dar: um mar antigo e confiável
Cujas marés- mesmo se fogem- retornam,
Cujas correntes ocultas não levam destroços
Mas o sonho interminável das sereias.

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