Canção da Plenitude Não tenho mais os olhos de menina Nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura Agrandada pelos anos e o peso dos fardos Bons ou ruins. (carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia) O que te posso dar é mais que tudo O que perdi: dou-te os meus ganhos. A maturidade que consegue rir Quando em outros tempos choraria, Busca te agradar Quando antigamente quereria Apenas ser amada. Posso dar-te muito mais do que a beleza E juventude agora: esses dourados anos Me ensinaram a amar melhor, com mais paciência E não menos ardor, a entender-te Se precisas, a aguardar-te quando vais A dar-te regaço de amante e colo de amiga, E sobretudo a força- que vem do aprendizado. Isso te posso dar: um mar antigo e confiável Cujas marés- mesmo se fogem- retornam, Cujas correntes ocultas não levam destroços Mas o sonho interminável das sereias. |
terça-feira, 8 de março de 2011
Plenitude
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